segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Deslumbramentos para uma concepção

    
 Diante dos acontecimentos que circundaram os terrenos da minha visão, tornando-os indesejavelmente concretos, ponho-me a pensar sobre a minha concepção do mundo.
Permitirei interferências vindas da loucura que me habita, pois com ela, serei, por excelência, sincero quanto ao valor do meu intelecto.
     Devo, antes de qualquer outra defesa, dizer que não sou a favor da ‘Lei de Causa e Efeito’, apesar de conhecê-la bem!... não sou a favor de teorias que privam o homem e sua mente de passeios utópicos. A ‘razão absoluta’ é uma expressão pejorativa, por isto, não a permito presente em meu dicionário. O absolutismo destrói a retórica, e sem a retórica a filosofia é tão somente ectoplasma. Apenas vestígio da presença de um espírito. Daquele que fora privado de continuar a incessante busca pelo conhecimento.
     Para Max Scheler, a partir de estudos feitos por Evaristo de Moraes Filho, “O que costumamos chamar ‘concepção do mundo’ não são aquelas precipitadas decisões e intentos reacionários que fazem parar o processo cientifico, infinito por essência. É unicamente a maneira de vivencia de um absoluto, e que, confessada ou inconfessadamente constitui o sentido todo do seu ser, de sua ação e de suas tendências. ‘Concepção do mundo’ é a única concepção que cada homem tem sempre e necessariamente, queira-o ou não, saiba-o ou não com clareza”.
     A minha visão do mundo começa às cegas, no fechar dos olhos e no ato de transportar-me ao íntimo. Movido ao som de Bach, meu universo aos poucos vai se construindo. Despojando-me de todo o ‘espleen’, plantado pelas influências de Musset.
     Em minha ótica, o mundo é todo o espaço físico e toda energia, criados para compor a casa de Deus. Servindo-lhe por vários tempos de entretenimento, mas que fora emprestado ao homem para ser pisado e também pisar na mente humana, plantando lhes assim a loucura do amor e do ódio. Definindo assim, naturezas diversas. Todos como donos de uma geografia mental e espacial particular.
     Hegel me apresenta as dores do mundo!... dele somente! Pois o meu mundo possui tímidas feridas, isentas de qualquer manifestação pública.
     Em minha concepção, a humanidade é dividida em três classes: socialistas, capitalistas e guardiões do muro, ou seja, os indecisos.
     Entre violinos, pianos e guitarras, meus sentimentos se expressam com graça. Nietzsche é guardado em meu álbum de fotografias, como a personificação de um passado não muito distante.
     Enquanto fico com os meus deslumbramentos, uma máquina de fazer blues insere em mim um estilo alternativo de vida, e logo, passo a crer que de nada adianta procurar conceituar o mundo, pois inda que eu abuse de todo o meu vocabulário, o mundo jamais será conceituado por absoluto.
 -Carlos Conrado