quinta-feira, 6 de maio de 2010

Ao abrir dos olhos

Ao abrir dos olhos avisto a desgraça do meu povo
Que de olhos fechados assiste TV e parece não ver
Estampado no espelho as lágrimas de barrigas cheias de fome
As mãos vazias cheias do nada ofuscadas pelas luzes que vem da tela

Ao abrir dos olhos enxergo no palmo além do nariz
O que o meu povo de olhos fechados sente, sobrevive e não vê
O que as lentes de maior alcance não podem mostrar
O que a informação diz contar e não informa

Ao abrir dos olhos vejo a ordem e progresso
Que de forma legal e injusta perpetua a cegueira do meu povo
Onde a justiça é cega, mas enxerga a pele negra, a roupa suja e o bolso vazio do meu povo
Onde o progresso torna o que é de DIREITO em caridade

Ao abrir dos olhos me vejo na LUTA
Que aos olhos fechados do meu povo é sonho, é UTOPIA
Que aos olhos fechados do meu povo, quando junto dos que vêem é baderna
Que aos olhos atentos dos que cegam meu povo é ameaça

Ao abrir dos olhos vejo um único caminho e ouço duas vozes
Uma que manda fechar os olhos e seguir
E outra que me mantém seguindo.

Diego Ferreira